sábado, 18 de dezembro de 2010

Um conto periférico

- Oh Arnaldo! Vem dormir Arnaldo! Deixa isso pra lá... Grita a esposa
- Ah mulher... vá dormir você, preciso ver se o vizinho num tá fazendo nada errado. Vá dormir!

Ela dorme, Arnaldo, sentado numa cadeira, abre e fecha uma “flestinha” da janela, deixando um filete de luz iluminar seus olhos pequenos, enquanto tenta ver se o tal vizinho já foi ao telhado novamente... na noite anterior, acordou pra mijar e, como sempre faz, abriu um pouco a janela, e viu o vizinho da frente com um grande saco no telhado...
Nesta noite Arnaldo nada viu... mas:
- Ele deve ter percebido... ou alguém falou pra ele. É isso! Alguém falou pra ele... danado! Mas num me escapa... ele vai ter que subir outro dia, e eu vou tá olhando...

Arnaldo passou 7 meses acordado até as 3 da manhã para “pegar” o tal vizinho, juntou à cadeira um banquinho onde colocava o café, também passou a usar binóculo. Chegava atrasado no trabalho, e no trabalho mal podia se concentrar, comentava:
 - Vocês num lembram que ele tinha uma sogra? Cadê ela? Nunca mais ninguém viu... ele a matou! E escondeu o corpo no telhado...
As vezes alguém perguntava “como ninguém tinha sentido o cheiro Arnaldo?”:
- Também ficava intrigado com isso... mas olha, esse vizinho é muito estranho, ele pode ter dado os restos da sogra pros cachorros, ou até mesmo comido!
Os vizinhos riam, nem cachorro o tal vizinho não tinha, ele não ligava, era dono de uma missão!

Fim de ano e o tal vizinho organiza um churrasco... Arnaldo acredita que é essa a sua chance de descobrir tudo e esfregar na cara de todos que não é louco...
Todos os vizinhos convidados, o falatório era enorme por toda a vila... Arnaldo preparou-se, comprou luvas, de acordo com ele “iguais aquelas dos 'sisiai' que passa na TV”, para não deixar impressões digitais, se tivesse como ele comprava todos os equipamentos que via no seriado...

No churrasco o de sempre, cerveja barata, caipirinhas mal-feitas, uma seleção de músicas que ia do pagode ao funk, passando por sertanejo e até gospel (agora é moda)... Todos sorriam, pegando seu pedaço de maminha com as mãos mesmo, menos Arnaldo, que via naquele churrasco a oportunidade dele de desmascarar o vizinho, e a oportunidade do vizinho de se desfazer do corpo da sogra no carvão ou sabe-se lá como...

Arnaldo então, depois de aceitar tomar a 3º caipirinha, resolve começar a agir...
O vizinho está na churrasqueira, e Arnaldo pergunta:
- Vizinho! Que ótimo seu churrasco! Convidou tanta gente, por que não convidou sua sogra?
Os vizinhos em volta engolem em seco... o vizinho não se abala:
- Ora, porque ela é minha sogra! Todos riem, ele espera todos pararem para completar: Sem zueira, ela mora no interior, nem sempre dá pra gente contar com nossos entes queridos né? Por isso Arnaldo é bom ter bons vizinhos como você, que se preocupam tanto com nossa vida né?

Agora é Arnaldo que engole em seco. Percebe que o vizinho já sabe de suas suspeitas, alarmado, e meio bêbado, resolve que vai resolver tudo ali mesmo:
- Falando nisso vizinho... conta pra gente que tava fazendo no telhado de madrugada carregando um saco?
- Ora, isso é problema meu, mas se você quer saber, seu maluco, eu estava apenas levando os cobertores velhos pra cima... a gente doa os cobertores agora no fim do ano...
- Quer dizer que em junho você guarda os cobertores para doar em dezembro? Sendo que as pessoas precisam deles é no inverno?

Arnaldo não precisa ouvir mais nada, chama sua mulher e vão os dois embora, não sem antes dar um jeito de roubar uma das chaves da casa..

A noite Arnaldo volta a casa, ainda tem muitos convidados na parte da churrasqueira, mas Arnaldo quer saber do telhado.
Coloca as luvas e sobe, se alguém o visse agora também acharia que ele é um membro do “sisiai” da TV.
Ele esquece apenas de uma coisa: o telhado onde ele está não é de concreto, e ele não é um cara magrinho e claro o forro despenca com Arnaldo e tudo na sala de estar do vizinho!
Pessoas gritam, as crianças riem, e Arnaldo, imaginando ser sua “cena final” resolve partir pra cima do vizinho, e engalfinham-se numa luta pela vida! Arnaldo é seguro pelos vizinhos e levado para fora...

No dia seguinte Arnaldo foi internado... suspeita-se que ele tenha mania de perseguição, de acordo com sua esposa... pobre Arnaldo, comenta-se na padaria, ficou louco!

Mas estranhamente todas as pessoas que participaram do churrasco também passam a ser internadas, só que por infecção intestinal...

A vigilância sanitária bate a porta do vizinho, ele não está, apenas a diarista... eles pegam amostra da carne consumida... era realmente carne já um pouco estragada, afinal fazia quase 7 meses que o vizinho guardava os resto de sua sogra no freezer, e, para quem não sabe, carne humana fica putrefata quando cortada e congelada...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Das coisas que não disse ou não fiz...

Nunca disse eu te amo sem vontade de dizer...
Mas já tive, inúmeras vezes, vontade de dizer e não disse!

Nunca fiz intrigas e nem fofoquinhas...
Embora, assim como você, sempre quis saber das últimas!

Nunca menti sem ter um bom motivo...
Embora tenha encontrado na vida pessoas que nunca iam aceitar meus motivos!

Nunca fiz joguinhos com os sentimendos de ninguém...
Mas sei que podem ter caído em minha lábia com esperanças muito grandes!

Nunca disse a sério palavrões para os meus pais...
Embora já os tenha dito à minha irmã e amigos!

Não fiz comícios, não fiz debates, não fiz conchavos...
Mas faço política todos os dias, em todas as minhas relações!

Nunca falei aos meus amigos o quanto os amo e o quão sou grato por eles...
Embora tenha feito e farei tudo ao meu alcance para que fiquem bem!


Não fiz com os outros o que não gostaria que fizessem comigo...
Mas já me vinguei várias vezes quando fizeram comigo!


Nunca falei por trás algo de alguém que não falaria pela frente...
Admito: Essa é mentira! Mas eu tenho um bom motivo!


Não, eu não dei aquele abraço, e aquele beijo na hora que queria...
Embora eu tenha recebido os melhores abraços que poderia ter ganho!


Não ganhei todo o dinheiro que quis...
Mas me diverti o máximo em cada minuto do meu trabalho!


Nunca disse algo para ferir alguém que gosta de mim intencionalmente...
Embora saiba que, mesmo assim, feri várias vezes quem gostava de mim!


Não fiz metade das coisas que pensei que ia fazer...
Mas o que fiz, fiz intensamente até o ultimo minuto!


Eu nem sempre mandei a puta que pariu quem me irritou...
Mas fui tão cinico as vezes, que até eu fiquei puto comigo!


Não disse com palavras aos meus pais que os amava...
Mas os amei e amo tanto que cada palavra pra eles era um "eu te amo" disfarçado!


Não estudei o tanto que acho que deveria...
Mas aprendi muito, e os minutos perdidos nas conversas valerão mais que os perdidos nos livros...


Não fiz milhares de amigos e não tenho centenas de amores...
Mas, embora seja clichê, tenho os melhores dos dois!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Relacionamentos I

Existe coisa mais assustadora que um novo relacionamento? Talvez doenças e a morte!

Quando começamos a sair com alguém tudo é dúvida, medo, receio, falta de saber o que falar, o que fazer, o que propor... é complicado demais!

Por isso as vezes invejo as sociedades antigas onde os casamentos eram arranjados. Ok, perdia-se a parte do amor, dos galanteios, do frio na barriga, dos sorrisos bobos... mas, as pessoas tinham vários códigos de conduta que tornava tudo mais tranquilo...

Ok, eu li o parágrafo acima e concordo com você: Era chato!

E novos relacionamentos tem a vantagem de, tirando tristes exceções, não serem chatos. Até pelos medos, pelas coisas novas que começamos a lidar, não tem como ser chato.

Ir ao cinema, coisa que você já fez várias vezes, tem um “que” diferente quando estamos começando a sair com alguém.
Na verdade nem dá pra dizer o que é, mas o fato de não saber se a pessoa gosta de ver mesmo o filme ou vai preferir ser interrompida por beijos furtivos, ou se gosta de abraçar durante a sessão, ou se cochila, tudo isso nos tira a concentração. E nem estou falando do escolher o filme, que é sempre complicado quando não se conhece a pessoa.

Não sei vocês, mas eu escolho um filme para agradar quem vai comigo, sou homem, nasci pra agradar as mulheres, então meu gosto nunca conta... talvez por isso eu não goste tanto assim de cinema.
Mas mesmo assim é foda! As mulheres tem a estranha mania que dizer: “ah num sei, escolhe você...” Sei que é tipo um teste, mas será que não passa pela cabeça delas que a gente também quer fazer testes?!?

Aliás, como se faz “testes” nestes períodos de recém-relacionar-se...
As palavras são medidas, escolhemos o lugar, o cardápio, as histórias, enfim tudo, para impressionar ou, no mínimo, não chocar.
Eu por exemplo jamais levaria uma mulher que estou conhecendo pra ver São Bernardo F.C. contra Grêmio Guarulhos num domingo pela manhã... seria demais eu acho.
Assim como nenhuma mulher, nos primeiros momentos, levou-me para comprar na C&A aquele vestido que ela estava namorando... temos que ter cuidado!

E o telefone! Ah meu Deus o telefone! Eu penso assim, eu liguei da ultima vez, então, a não ser que eu tenha comentado que ia ligar novamente, eu espero ela me ligar...
O problema dessa tática é a droga do tempo que a pessoa demora pra te ligar, e o numero de vezes que a gente olha o celular pra ver se a criatura ligou e a gente não percebeu. Como se isso fosse possível diante do fato que ficamos com o celular na mão clamando para que ele toque.

E tem o contrário, tem sempre a ligadora ou o ligador! (Não é comercial da Oi não)
Que resolve te ligar algumas vezes no dia pra dizer coisas como: “Tava vendo aqui o bandejão do self service onde almoço... você gosta de rúcula?” ou, a noite depois das 23hs “Oi... então, foi legal a aula hoje?” e tem os sinceros e as sinceras que simplesmente, quando você pergunta o motivo da ligação, dizem: “Tava afim de te ouvir um pouco...” Ohhh... é bonitinho né?
Sim, se a porra da ligação não for as 3:15 da manhã! Isso é motivo suficiente pra arrumar um mandato de segurança!

E o gostar de uma pessoa que ainda não conhecemos direito? Tem coisa mais estranha que isso? Você sai uma vez, 2 e ai na terceira já tá querendo chamar de “meu amor” alguém que você nem sabe o sobrenome!
A gente sempre arruma um bom motivo, é verdade, a gente diz que nos faz bem a companhia, que a pessoa é alto-astral, que sabe conversar, que é bonito ou bonita... enfim, mas de fato, lá no fundo, a gente não tem a menor idéia do que nos faz gostar mais dessa ou desse que dos outros... vai entender!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Errar!

Normalmente as idéias mais idiotas, no momento em que são pensadas, fazem o maior sentido. Tenham certeza que o cara que tentou estacionar o carro do lado do seu de ré e arranhou seu carro o fez com a certeza absoluta de que estava fazendo algo bastante inteligente...
Sabe aquele seu vizinho que colocou ardósia na calçada e caiu na ultima vez que lavou o carro porque estava descalço e a ardósia com sabão vira uma pista de gelo? Pois é, a idéia, pra ele, também era ótima...
O motoboy que tentou passar entre um carro e um caminhão e não conseguiu? Então, a idéia pra ele era muito boa.
Você amigo metido a másculo e macho, também sei que achou a idéia de arrumar você mesmo a tomada uma idéia maravilhosa... Até que e tomou um puta choque e xingou até os pais do Thomas Edson!
Você linda amiga, também tenho certeza já achou a idéia de fazer em casa o alisamento do cabelo uma boa... Até que queimou a cabeça com a chapinha.
Ou quando resolveu fugir (só uma “vezinha”) da dieta que a nutricionista passou e ao invés de emagrecer 2 quilos engordou 4... a idéia era boa quando você pensou!
Temos milhares de exemplos clássicos, ou você acha que o Fernando Henrique sabia que era uma péssima idéia continuar com os juros altos e forçar a recessão? Ou o Lula (logo ele!) sabia que era péssima a idéia de deixar a coordenação política a cargo do Zé Dirceu? Ou o Serra achava que o negócio da bolinha de papel era ruim? Ou a Dilma achou que era ruim a idéia de indicar a Erenice Guerra? Claro que não! Foram, no pensar deles, todas ótimas idéias!
Quando Hitler para de atacar a Inglaterra por ar e resolve voltar seu exército pra cima da Rússia, também pareceu a ele, um gênio militar, que era a melhor idéia... e lá seu foi seu  maldito Reich de mil anos!
Moises passou 40 anos perdido no deserto achando que era a melhor idéia que ele tinha tido na vida!
Ricardo Teixeira (maldito seja seu nome!) também achou uma idéia maravilhosa chamar o Dunga pra ser técnico do Brasil... só deve ter mudado de idéia quando o Filipe Melo pisou no holandês!
Muita gente achou a idéia de votar no Collor em 1989 ótima... não são necessários comentários eu acho...
Assim como, até hoje, tem quem ache a idéia da “pirâmide financeira” genial e muita gente vive perdendo dinheiro com isso!
E tem os comuns de todos os dias, como quando achamos que é melhor almoçar mais tarde e nossas mesas se enchem de coisas pra fazer e ficamos morrendo de fome! Ou quando resolvemos dar uma mudadinha no caminho e chegamos 40 minutos mais tarde!
Tem os cortes de cabelo que assim que o fazemos achamos ótimos, e ai, olhando uma foto 2 anos depois nos assustamos ao notar que estávamos ridículos!
E roupas? Vivemos comprando roupas que nos parecem a melhor coisa do mundo e depois temos vergonha até de nossos vizinhos as verem penduradas no varal!
Mas amigos, podemos dizer que o maior erro de todos, aquele que nunca devíamos cometer, é o erro de nunca errar...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Gafes

As gafes são sempre os capítulos mais engraçados da vida alheia...
Aliás, a vida alheia é quase sempre engraçadíssima!

Eu já fui mais pródigo em cometer gafes, mas, infelizmente pra todos a minha volta, eu consigo me controlar melhor e manter minha enorme boca fechada... o que eu melhorei bastante foi em perceber as gafes dos outros, algumas vezes eu sou capaz até de antever as gafes e melhor me posicionar para apreciá-las.

Certa vez num ônibus dois amigos encontraram-se, um homem e uma mulher. Parecia fazer séculos que não se viam e conversavam animadamente sobre o que estavam fazendo, sobre o casamento, recente, dela e sobre a mudança de emprego dele.
Depois de vários minutos de “Lembra de fulana?” e “Não acredito que você foi pra tal lugar...” o assunto foi acabando...
Pra cortar o silêncio, eis que o cara diz isso: “Mas olha amiga, você está linda grávida viu!” com um baita de um sorriso no rosto ao olhar para a barriga dela...
Eis que, para a surpresa dele, e a minha, ela respondeu: “Mas eu não estou grávida!”
Neste momento ele limitou-se a dizer, talvez para mudar o foco: “E pra quando estão pensando em encomendar um filho?” Agora com um baita de um sorriso amarelo no rosto... ela respondeu, encerrando este e qualquer outro assunto: “Meu marido não pensa em ter filho agora...” Eu não sei o que ele quis responder, mas eu responderia: “Também com essa barriga toda, eu pensaria em tirar a sua solitária primeiro pra ela não comer a criança!”

Gafes tem o poder de quebrar gelo, afinal a melhor resposta para uma gafe é rir, estando de qualquer um dos lados...
Na faculdade onde estudo fui vitima de uma gafe de um dos colegas que agora é dos meus companheiros mais contumazes de cerveja.
Assim que comecei a faculdade eu precisava faltar muito, e por isso era uma merda conseguir me encaixar nos grupos, afinal todos achavam que eu era um turista.
Quando enfim entrei pra um dos grupos estava com outro cara falando sobre o trabalho e eis que chega este, agora, meu amigo.
Ele nos cumprimenta e pede pra ver a lista de quem está no grupo, ao deparar-se com meu nome ele exclama: “Porra! Esse Roberto num é aquele maluco que num vem nem fodendo pra aula? Vai se foder! Num vou ficar fazendo trabalho pra vagabundo não!”
Olhei pra ele, olhei pro outro cara e começamos a rir muito, até que esse cara percebeu a gafe e, para pagar a gafe, me prometeu uma cerveja.

Tem as gafes pensadas também, afinal muita gente “dá uma de louco” pra chamar a atenção pra coisas que não quer falar diretamente, essas acontecem muito no trabalho.
Tem sempre aquele que chega direto atrasado e sempre tem o espírito de porco pra, quando se passaram 5 minutos do horário normal, perguntar pra todos: “Oh! E Fulano? Mudou de horário ou tá de folga hoje?” numa altura que, com certeza o chefe ouve.
Ou quando alguma coisa tá quebrada e quando alguém comenta o espírito de porco responde, como quem não tá percebendo a merda que tá falando: “Rapaz, mas isso ai num foi a impressora que Fulano derrubou na sexta?” E tome Fulano fazendo cara de cu...

E tem as gafes dos amigos galinhas! Tem a clássica de quando o amigo vem com uma mina você acha que é a “Adriana” quando na realidade é a “Carlinha” e ai você tira do seu amigo a oportunidade de se dar bem nessa noite. Mesmo que na hora você finja que foi de brincadeira, as mulheres não costumam engolir...

Nessa tem várias de confusão de nomes... Eu mesmo, anos atrás quando não era tão bom em evitar as gafes, já cometi uma ótima.
Ficava com uma menina de apelido Tata... nunca soube o nome dela! (Ok, quando fomos apresentados ela me disse o nome, mas aconteceu tanta coisa depois disso que fiquei só com o Tata na memória)
Ficamos e tudo mais, e, semanas depois, ela me encontrou furtivamente e pediu meu telefone, eu não estava mais afim de ficar com ela, nem lembro porque não, mas passei (nunca se sabe né?).
Ai ela me passou o dela, na hora que eu tava gravando o numero ela postou-se ao meu lado pra ver eu gravando o numero (acho que já lembrei porque não queria mais ficar com ela), e na hora de por o nome eu coloquei Tata, e ela perguntou por que eu não colocava o nome dela, eu disse que ia lembrar mais fácil do apelido, e ela virou-se pra mim e disse: “Qual o meu nome então?”
Faltou terra sobre meus pés! Não lembrava! Rapidamente fiz uma lista de nomes possíveis:
  • Thais
  • Tatiana
  • Tatiane
  • Talita
  • Tamires

Que merda! Resolvi arriscar o mais comum: “É Thais num é?” (Sei, esse "num é?" no final me tirou qualquer chance de sucesso, pois se fosse mesmo Thais ia ficar estranho da mesma forma)
E, é claro, não era, era Thaise!
Será que fiquei com ela novamente? Se você acha que não, enganou-se! Ficamos mais uma vez sim... o que quer dizer que as vezes a gafe, por maior que seja, é menor que o desejo!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Encontro às Escuras

Existem várias coisas que são hiper chatas que, algum dia em nossas vidas, faremos!

Tem coisas como renovar a carta de motorista, tirar título de eleitor, lavar o quintal... mas hoje vou me concentrar em uma que é ótima: Encontro às escuras!

Eu conheço várias histórias sobre encontro às escuras, quase todas engraçadas para quem ouve e tenebrosas para quem viveu.
Porque com a internet ai, Orkut, Facebook, msn, encontro às escuras não é mais tão às escuras, afinal você entra no Orkut ou Facebook da criatura e sabe o que vai encontrar pela frente, conversa com ela pelo msn e sabe que tipo de papo vai ter... mas ainda temos os encontros às escuras que são mesmo às escuras. Hoje ainda tem gente que não usa Orkut! Que não tem Twitter e jamais entendeu direito o que quer dizer Facebook! Estranhos...

Mas sempre tem aquela(e) amiga(o) da(o) namorada(o) do(a) seu(sua) amigo(a), que todo mundo fala que é legal e bonita(o).

Teve um desses assim que foi ótimo! Dois amigos, um “namorava”, a este daremos o nome fictício de Jão, e ao outro, solteiro, o nome de Zé.
Jão namorava Jade, e Jade tinha uma linda amiga chamada Serena. Jão então combina com Jade que vão promover o encontro, às escuras, entre Zé e Serena.
Ok! Marcam o dia, mas no dia marcado Zé tem um problema no trabalho e não poderá ir, bem em cima da hora, então liga para um 3º amigo, Conrado, para que este o substituísse no encontro, Conrado aceita, afinal já tinha ouvido falar de Serena.
No caminho, quando Conrado já está com Jão no carro, Jade liga e informa que Serena não vai mais, teve um probleminha em casa e ela chamou outra amiga, de nome Surpresa! Conrado já quer desistir! Jão convence ele que Jade não iria zuá-lo! Que a tal Surpresa deveria ser uma boa surpresa...
Obviamente que não era! Conrado se viu obrigado a ficar com a Surpresa, afinal encontro às escuras tem dessas obrigações, e outra, Conrado já estava lá, resolveu aproveitar a oportunidade.
Mas o problema de Conrado é que você pode sim ficar com uma mulher feia, contanto que ninguém saiba, mas os amigos souberam, e até hoje Conrado é chamado de Jorge de Capadócia!

Tenho um amigo que é da era do Bate-papo virtual, e lá conheceu uma tal de lindinha84, conversaram reservadamente e passaram a trocar e-mail. Ah, o nome dele era pimpo78.
Trocaram e-mails umas 2 semanas, mentiram demais, claro! Ele tem 1,76 de altura, e deve pesar uns 89 quilos, é no dizer de alguns: fofo!
Mas, se homem mente e conta vantagem até ao vivo, o que dirá por e-mail, então ele auto-descreveu-se com 1,85 e 85 quilos, um atleta!
Ele o fez porque ela se descreveu assim: “Ah querido, eu tenho 1,70 e 65 quilos... faço bastante academia.” Logo ele pensou: “Mentira!” E carregou nas cores na hora de se descrever...

Pois bem, marcaram de se encontrar no shopping, ela estaria com um vestido preto e ele com uma camisa do curintcha (vergonha alheia!). Ele a viu primeiro. Olha a conversa que tivemos:

- Cheguei lá e já vi ela! Linda! Exatamente como ela tinha se descrito! Uma maravilha! Ele falou.
- E ai você foi lá falar com ela, como foi? Perguntei.
- Eu não fui falar com ela não cara! Ela era muito linda, vim embora e a bloqueei e não respondi mais os e-mails dela. Ele disse.
- Como assim cara? Quer dizer que ela era exatamente como havia se descrito, linda, e você foi embora? Por que foi embora? Retruquei abismado.
- Exatamente por isso, ela era igual havia me falado, e eu não! Respondeu resignado.

Triste não?
Lições do dia: A sinceridade pode não nos ajudar a ficar com as mais bonitas, mas, pelo menos, pelos motivos certos! E encontro às escuras sempre rende ótimas histórias, qual será a sua?!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Muleques e a felicidade...

Hoje o dia foi dá hora!

Pelas conta, acho que cada um levatô uns 10 real! Cesinha tá contando ainda, mas tá sorrindo pra caralho!
Num consigo nem esperar pra saber quanto foi e poder ir comer alguma coisa, hoje a tarde foi longa... Resolvi parar com a cola, e ainda num sei como vou fazer quando os outro usar, mas é que tô querendo comprar um tênis, tamém tô com vontade de ver minha mãe... Será que a grana ajuda em tudo?

Cesinha terminou, deu 57,80!! Estamos em 6, quase 10 mesmo!

Cesinha é o mais velho, já tem 14 anos, e por causo disso ele cuida do dinheiro. A gente consegue dinheiro pedindo, vendendo bala, só as vez a gente toma.
Ai ele junta de todo mundo e depois divide tudo por 2, uma parte ele devolve pra gente, todo mundo ganha o mesmo tanto, a outra parte nois usa pra comer.

Ele diz que é o melhor, o irmão do Cesinha, que andava com a nois, nunca deixava nenhum conto separado pra comida, sempre gastava em cola e pedia pra gente o de comer, ai ele começou a usar crack, nem fome sentia mais...
Até que um dia a gente num viu mais ele na rua, depois um dono de loja falou que um pivete que andava com nois tinha morrido na frente da loja dele... Cesinha sempre lembra do irmão mais novo e da surra que tomou da mãe por não cuidar dele. Tem tanto moleque morrendo assim...

Na outra semana uns guarda-civil chegaram ni nois, o Cesinha falou pra nois correr, mas o Perola ficou com medo e num correu, apanhou demais, só porque tava com 10 conto no bolso e os guarda não acreditaram que era dele, acharam que ele tinha tomado de alguém, roubado... Até parece, quem roubou foi eles, que bateram nele e levaram o dinheiro embora, se a gente num volta e num socorre, ele tinha passado a noite toda machucado na calçada, ninguém liga prum “trombadinha” caído... Ele tem só 9 anos!

O pessoal da igreja às vezes ajuda, mas é zuado ficar no alojamento! Chatice de banho toda hora, horário pra chegar, reza e catecismo... A rua num pede nada pra nois, o que ela qué toma da gente e pronto, é só nois tentar ficar vivo que fica tudo bem.

Mas hoje... Hoje vai ter padaria, pão, tubaína, bolo... nois esquece a corrida pelas ruas com a barriga roncando, esquece os véio oferecendo dinheiro pra gente entrar nos carro deles, esquece a falta da cola, do crack, da maconha... Hoje vai ser só nois na padaria, a única família que nois tem, a única que a gente conhece, os meninos que andam juntos e aprende junto que felicidade é tão raro, que um pão, um bolo e um copo de tubaína podem ser as coisas mais alegres do mundo!

....

Sorte estar lá pra ver... Diante de tantas coisas complicadas, das conversas chatas que temos que ter, das coisas que fingimos entender, do tanto que a gente faz sem nem saber porque, os meninos sentados, rindo, zuando uns aos outros, falando errado, gritando palavrões (é o jeito deles, diria Mano Brown) faz a gente imaginar, mesmo sem ter coragem de saber a resposta: Será que poderia ser tão fácil quanto ficar feliz por comer bolo, pão e tomar tubaína?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Era dos Dentes Tortos

Todos conhecem algum pagode! Mas conhecem de saber a letra e tudo!
A afirmação acima é forte, eu sei, mas é a mais pura e dolorosa (ou não) verdade.
Teve um período histórico no nosso país onde parecia que todas as caixas de som de todos os aparelhos soltavam refrões com “Lê lê lê”e rimas fáceis e bobas que jamais desgrudaram de nossas mentes.
Chamo este período de:  “Era dos Dentes Tortos”!! Pois dentes tortos eram um dos acessórios obrigatórios dos pagodeiros!
Pode perceber, vai lá no You Tube e puxa uns clipes dessa época, além de ver calças com cores que hoje em dia enfeitam (ou seria enfeiam?) os adolescentes coloridos da família Restart, vai ver também coletes sobre camisetas coladas em corpos redondos, e em cada sorriso forçado uns 20 dentes tortos. E parece que quanto mais torto mais o cara sorria.
Esse período histórico, e para mim tenebroso, teve uma duração não muito longa, começou lá pelos idos de 1991, quando alguns grupos ditos “de raiz” saíram dos botecos e foram pras rádios. Mas seu ápice e por isso o início de sua queda foi entre os anos de 1997 e 2000.
Para os mais jovens isso pode até parecer loucura, mas o Gugu tinha um programa de sábado também(!?!?!), que tinha o (in)feliz nome de “Sabadão Sertanejo” que estreou na onda, não menos tenebrosa, das duplas sertanejas. Mas lá com esse nome e tudo, bandas como GeraSamba, Carrapicho e outras coisas tocaram e viram sua fama subir aos píncaros da glória. E foi lá, aos poucos, que os grupos de pagode foram tomando o “poder”sobre as rádios e demais TV’s desse pobre país. 
É preciso fazer algumas considerações históricas. Primeiro, hoje em dia eu não ouço musicas Emos, forrô, samba e outras coisas que não façam parte do meu vasto universo musical, afinal existe a INTERNET! Ela não mais nos obriga a ouvir as rádios, ver os programas de TV, nada disso, ela nos dá liberdade. Tanta que, apesar a onda Emo ser forte, eu só ouvi, até o presente momento, uma única música inteira (Garota Radical do Cine, que gostei!) e sou feliz assim!
Mas amigos, em 1997 não era assim... tínhamos 1 radio rock, também sei que não será fácil de acreditar, mas a 89 era: “89 A RADIO ROCK” e a gente tinha adesivos que ostentávamos orgulhosos em nossos cadernos do colegial! Mas era só essa rádio, quando o pagode tomou conta do país me parece que todas as outras rádios sucumbiram! Apenas este baluarte do Rock ficou incólume! (Não por muito tempo né? RS)
As rádios tocavam, as TV’S passavam, seus vizinhos ouviam durante o churrasco de aniversário da Tia Mariana, sua irmã ouvia, seu irmão ouvia... era um inferno na terra!
Eu, grunge, sujo e tudo mais, conhecia e conheço vários pagodeiros pelo nome, Andrezinho, Salgadinho, Vavá, Rodriguinho, e por ai vai...
Mas o pior é que: Todo mundo conhece pagode! Se alguém começa a cantarolar do meu lado: “Mariana tindô / Mariana calor / Mariana parte minha / Mariana minha flor” imediatamente eu lembro da letra, e mesmo entre os dentes sou capaz de cantar!
Ou passo por um carro e ele está tocando: “As estrelas lá do céu? / Eu vou buscaaaar / Beijos com sabor de mel? / Eu vou ti dar...” e lembro até da coreografia, porque sim amigos, tínhamos coreografias!
Quem não lembra dos caras do Katinguelê , 6 caras com óculos escuros na testa, dançando no palco do Sabadão Sertanejo enquanto Salgadinho cantava:  “Inará é minha deusa e me faz um bem / Não troca a minha amada Inará por ninguém / Inara, Inara, Inara iiiiii”

domingo, 10 de outubro de 2010

A pior história que já escrevi...

Maria (sem sobrenome) e Antônia Vasconcelos, ambas 15 anos, ambas aflorando os hormônios, ambas namorando e, pela idade, cometendo todos os erros.

Maria mora longe, talvez o ultimo bairro da cidade, nem sempre o postinho tem camisinha, e nem sempre tendo camisinha ela lembra de pedir pra ele usar.
Antônia Vasconcelos mora perto, poderia ir a pé em shopping's e restaurantes, mas ela tem motorista, e andar a pé só mesmo dentro desses lugares. Ela tem acesso a tudo, e nem sempre usa camisinha, afinal, ela pode tudo.

Maria fica com medo, 1 semana inteira de atraso, vai ao postinho e faz o teste. Não sabe como contar a mãe, que foi mãe aos 16 anos. Mas conta, apanha, choram juntas... sua mãe decide que sua filha não passará pelo mesmo que ela passou...
Antônia faz teste toda semana, a empregada compra os teste na farmácia pra ela, morre de medo de ficar grávida. Sua mãe não chora, fria, olha sua filha e lhe joga na cara: Vagabunda! Diz que jamais filha sua terá filho antes de casar...

Mãe de Maria, envergonhada, pergunta as vizinhas se sabem como pode resolver este problema... uma sugere à menina enfiar uma agulha de trico até sentir o sangue, outra comenta da Dona Cota, benzedeira que mora perto do córrego, ela vai lá...
Mãe de Antônia pega o telefone, liga pra clinica onde fez o tratamento para ter a Antônia, uma das mais caras e conceituadas da cidade. Prontamente atendida por seu médico, diz a ele: “Estou com um problema sério com minha filha... ela fez besteira.” Ele nada pergunta, marca para as 19hs a consulta e ainda diz: “Neste horário não teremos mais ninguém aqui na clinica. Melhor evitarmos perguntas.” Ele já fez bastante isso.

A casa de Dona Cota tem 9 gatos, 3 cachorros e parece que tem outros animais, tamanha é a sujeira que a senhorinha de 83 anos acumula e já não tem forças pra limpar. Maria brinca com o gato, por momentos esquece o porque de estar ali...
A clinica é mais que limpa, e mesmo a noite com a maior parte das luzes apagadas as coisas brilham. Dessa vez o motorista não foi, o caminho foi em silêncio, mãe e filha com o pensamento distante. Antônia a imaginar se sua mãe voltará a olhar pra ela sem ser com esse olhar de reprovação. Sua mãe segurando o choro, fazendo esse esforço para não ter que contar que já passou por isso... O médico as recepciona na garagem, vão até seu consultório sem trocar palavra, lá pede que as duas sentem, e espera, ansioso, ouvir a história. Podemos garantir que essa é a parte que ele mais gosta.

Dona Cota não quer saber de histórias, pergunta dos 200 reais, e se podem fazer tudo hoje. A mãe lhe mostra o dinheiro, com lágrimas nos olhos imaginando o mês que terão pela frente sem esses 200 reais. A menina está anestesiada, chorou tanto essa noite que acha que nunca mais terá forças pra chorar. Dona Cota a manda deitar. “Tira as carça menina. E fica queitinha que eu faço rapidinho.” Ao contrário do que pensava, Maria ainda tem forças pra chorar sim...
Antônia não tem tempo de falar nada, sua mãe a atropela, conta das saídas a noite da menina, que ela, agora se sentindo culpada, fingia não ver, conta como esses adolescentes são desgraçados, o quanto de vergonha que está sentindo. O médico pede calma, diz que isso é normal, abre sua gaveta e pega uma agenda. A cirurgia está marcada para sexta, assim ela fica o fim de semana em casa repousando e na segunda já volta a escola. Ele frisa bem: “Ninguém vai ficar sabendo de nada...” Na recepção passam o cartão de crédito: R$ 3.750,00...

Não foi tão rápido quanto Dona Cota supunha, e doía muito na menina quando ela introduzia em sua vagina uma peça de ferro que ela chamava de “salva meninas”. Era fria essa peça, e se Dona Cota nem a mão lavou, não deve ter lavado isso. Doía demais, ela esperneava, sua mãe segura em sua mão, enquanto rezava baixinho... Fingia não lembrar que o padre reprovaria tudo aquilo. Agora, era só o futuro dela que importava...
Antônia saiu da escola, esperava encontrar sua mãe quando abriu a porta do carro e não tinha ninguém. A entrada na clínica foi pelos fundos, o doutor a esperava, já sabia que viria sozinha. A acalmou: “Querida, vai acordar pra ver Malhação no quarto!” Sobem o elevador, ela finge não ouvir, mas ouve as enfermeiras comentando de sua carinha de santa, de sua pouca idade, também finge não sentir os olhares de reprovação... Anestesia geral, cirurgia limpinha, o doutor pensa “é como fazer uma cessaria”... e as coisas acontecem.

Um grito! Assim Maria dá o sinal de que Dona Cota finalmente acertou. O pedaço de papel imundo que ficava na boca da menina não foi suficiente para conter seu grito e seu choro... seu bebê escorre por suas pernas, não sabe se chora por ele ou por si... A mão de Maria ajuda ela a se limpar e se vestir, Dona Cota sugere ir logo a um posto pra o médico receitar remédios, evitar inflamação e “essas frescuras de meninas novas...”
Antônia acorda, primeira coisa que faz é passar a mão sobre a barriga, morria de medo de ficar com cicatriz... Liga a TV e passa Malhação, no celular 4 chamadas não atendidas, 2 de seu “namorado”, 1 de uma amiga e 1 da mãe... sinceramente ela não sabe qual retornar... deita a cabeça no travesseiro, e chora imaginando se menino ou menina...

No posto o médico reprova a atitude da menina e de sua mãe, mas nem sente coragem de repreende-las, as duas choram tanto e ele percebe, por suas roupas e por onde moram, que mais uma criança ia tornar a vida impossível, receita alguns medicamentos, mas tem certeza que a menina corre o sério risco de ficar estéril...
A mãe liga novamente, ela atende espera um pouco de amor, a mãe diz que em 15 minutos estará lá para buscá-la, prefere esperar mais um pouco para que a clinica esteja vazia. Chega, vê a filha, os olhos vermelhos, semi-viva na cama, lembra de como ficou, se segura, vira para sua filha e diz: “Aqui estão suas malas, vamos pra casa de Bertioga. Vai ficar sem celular, não vai contar a ninguém o que houve!” Antônia não para de chorar...

Só uma delas ficou estéril, só uma dela sentiu dor, só uma delas sentiu o amor de sua mãe... nenhuma delas teve a vida normal depois, nenhuma delas esqueceu... Será mesmo que nenhuma delas precisava passar por isso? Será mesmo que ao proibir ajudamos a não acontecer histórias como essas? Por que só uma teve o direito a não sentir dor, além da dor que já sentia?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coisa Chata é Perder!

Tem poucas coisas mais chatas que perder alguma coisa!
Talvez coisas que envolvam dor, ou doenças ou fofoca... Mas dos problemas menores, perder alguma coisa é dos mais chatos.
Às vezes a gente tem a impressão que perder alguma coisa é uma traição, porque num primeiro momento a gente quer não acreditar, continuamos batendo as mãos no bolso, virando eles do avesso, fazendo e refazendo o caminho... Até que admitimos para nós mesmo, em tom de derrota: Perdi.
Como na traição, depois da fase da negação tem a fase da raiva! Ai a gente consegue ter raiva da merda do negocio que a gente perdeu! Tipo: “Chave filha da puta!” e chutamos o ar! Começamos a querer achar culpados... “Mas também, a Papaiz faz as porras das chaves tudo pequeninha!”
Mas não adianta... Perdeu! Ai vem a conformação, começamos a pensar que tudo bem, aquele chaveiro tava velho mesmo, tava na hora de pegar uma cópia nova... Enfim, podemos até ter boas lembranças: “Nossa, aquele chave era demais! Colocava na porta, virava e pronto... porta aberta! Uma beleza! Você tinha que ver rapaz!”
 Mas antes de chegarmos a isso, antes até mesmo da fase da raiva, durante a fase da negação, normalmente, as pessoas tentam nos ajudar, e isso amigos, além de não ajudar ainda dá uma raiva!
Porque, e vocês sabem que isso acontece, sempre tem aquele, que ao te ver procurando algo,ajoelhado no chão, praticamente com a cara encostada no piso, pergunta: “Perdeu alguma coisa?” E se ele já começa assim, imagina o que virá pela frente!
Depois quando você se levanta, respira, e diz que perdeu a chave ele faz a pior das perguntas do mundo: “Já olhou no bolso?” Como assim?!?!?! Quer dizer então que eu sou tão burro que ao querer abrir a porta da casa ao invés de pegar ela no bolso ou fui ver se tava no chão?!?! Não é possível!
E, pra piorar, muitas vezes eles fazem comentários do tipo: “Tem gente que procura os óculos e ta no rosto...” ou “Uma vez tava louco atrás de uma chave de fenda e tava na minha mão, acredita rapaz?” A vontade é de dizer que acredito, afinal não podemos duvidar nunca da cretinice alheia, tanto quanto não podemos duvidar da nossa!
Ainda tem aqueles que, na ânsia de lhe ajudar, vão consultando as pessoas em volta pra ver se elas viram a tal chave, mas o faz assim: “Oi, é que o meu amigo ali é meio distraído, quer dizer bastante, e perdeu a chave dele... você acredita? Perder aqui, ainda não sei porque ele tirou ela do bolso né? Eu mesmo...” e por ai vai, lhe expondo ao ridículo.
Fora aqueles, e talvez sejam até os piores, que te ajudam a procurar, sem dizer palavra alguma, mas você sente o quanto eles estão de achando um burro, às vezes olham pra ti, e quase lhes escapa o sorriso pelo canto da boca...
Mas o pior de tudo é que, independente da pergunta, independente da ajuda, independente de tudo, você foi o tonto que perdeu, e nem reclamar você não pode, mesmo ao perguntarem pra você senão esta no bolso você sinta vontade de trucidar a pessoa, você tem que olhar em seus olhos e dizer: “Não, já olhei...” e o foda é que a pessoa ainda pode dizer: “Tem certeza?”...
Mas tem o lado bom! Nunca marquei um gol num estádio cheio, nunca acertei um ace em Roland Garros, mas quando a gente acha algo que procurávamos, tenho quase certeza que a sensação é a mesma! Dá vontade de virar praquele que te fez as perguntas mais óbvias e gritar bem na cara dele: “Chuuuuuuuuuupa!!”
Este é dedicado ao meu grande (quase 2 metros) amigo Hugo! Que domingo perdeu a chave do carro e ouviu todas essas perguntas, e mais, o chaveiro que chamamos lhe perguntou umas 5 vezes se ele num tinha trancado a chave no porto-mala, ele disse, em todas as vezes em tom educado, que nem tinha aberto o porta-malas...
Depois que o chaveiro abriu a porta do carro, a segunda coisa que ele fez foi abrir o porta-malas, e ao ver que a chave não estava lá simplesmente falou: “É mesmo...”
Ah... Qual desses personagens eu fui? O que não fala nada, mas você sabe o que está pensando!

sábado, 2 de outubro de 2010

Então você não gosta de Futebol?

Você não gosta de futebol, então não tem que ficar vendo programas de quinta categoria que passam na hora do almoço e nos domingos a noite.
Você não sente necessidade de acordar cedo no domingo pra ver West Han X Blackburn.
Já que não gosta de futebol não precisa perder 2 horas do domingo vendo 22 caras que não te conhecem correndo atrás da bola, você pode, por exemplo, ao invés disso... É... Cochilar! Ou ir num shopping... Enfim, não tem essa necessidade de ficar preso a TV pra ver o alienante futebol. Que sorte!
Sabe aquele jogo de merda que passa sábado de manhã na Rede Vida que é da segunda divisão do campeonato paulista? Não sabe né? Pois é, quem gosta de futebol sabe e vê esse medonho jogo, e o pior: gosta demais!
Que sorte que tem, nem faz idéia de como é triste ver seu time perdendo, de como é triste acreditar até o final e o gol não sair, ou como é triste tomar um gol aos 45 minutos do segundo tempo e perder... Tristeza que não tem nem razão de ser e nem de não ser, e não tem tamanho... Ok, você nem pode entender.
Assim como não é capaz de enxergar a beleza do jogo, às vezes por pior que seja West Han X Blackburn, mesmo sendo1 a 0, mesmo com o estádio vazio, mesmo com tudo isso o jogo tem uma história, e normalmente ela é linda.
Um time que começa melhor, o outro equilibra você vê que o gol pode acontecer, mas não acontece... E ai, quando já tem torcedor indo embora, pode acontecer de um zagueiro errar uma saída de bola e um jogo que ia pra um empate se transforma em 1 a 0 numa falha individual...
Somos capazes de entender a dor daquele cara, a milhares de quilômetros, falando outra língua, outra cultura... Naquela hora em que ele abaixa a cabeça, depois de tomar o gol, vem um companheiro de time e lhe dá um tapinha nas costas, outro pode reclamar com ele, mas eu o entendo. Sei que ali está em jogo seu ganha pão, que aquele erro vai passar várias vezes na TV, que ele vai no supermercado no dia seguinte e o atendente vai reclamar com ele, se você gostasse de futebol ia querer consolá-lo, mas você não!
Você, que não gosta de futebol, não é capaz de entender a vibração do outro time! Mesmo que tenha sido um gol fortuito, mesmo que estivessem todos jogando mal, a alegria é contagiante. Lateral e volante, que podem ter acabo de bater boca, se desculpam num abraço, o técnico, que devia até ter xingado o atacante que foi pressionar o zagueiro corre pela linha lateral com os braços abertos e no meio do abraço se desculpa num singelo: “Obrigado!” E o jogo segue... Aliás, essa é uma das belezas, 1 a 0, 5 a 0, o jogo sempre segue.
Já que não gosta de futebol, aposto que nunca sonhou em ser jogador, aposto que nunca gritou o nome do goleiro do seu time quando fez uma “grande” defesa numa quadra qualquer de um bairro qualquer, ou nunca gritou, sozinho, “Goooool”, quando venceu aquele goleiro ótimo (que na verdade é o seu amigo Zé de 1 metro e sessenta), e além de gritar sozinho é capaz de correr até o alambrado atrás do gol e se pendurar e se balançar como se fosse o Ronaldo! Admito, nos que amamos futebol somos ridículos!
Assim como somos ridículos chorando no estádio depois da desclassificação do nosso time, como somos ridículos mal-humorados na quinta-feira depois de sair da libertadores, ou na segunda depois de perder um clássico, somos ridículos batendo boca entre uma aula e outra sobre se o nosso time é ou não tão bom assim, somos ridículos xingando aquele comentarista que sempre pega no pé do nosso time e sempre enxerga errado o jogo, ficando puto porque a imprensa sempre pega no pé do nosso time! Somos ridículos. Veja só, você que não gosta de futebol, saiba que tudo isso que escrevi serve pra qualquer torcedor, porque apesar de dizer-nos todos diferentes e irreconciliáveis, somos todos iguais, ridículos em nossas ridículas paixões.
Mas você... Você não gosta de futebol!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Numa Noite Qualquer...

É a porta suja de mais um cinema fechado, e é lá que ela esta esperando por algo que a faça correr dali sem pensar.
Lá tem papéis velhos, revistas velhas de ofertas do WallMart, papel higiênico sujo, camisinhas usadas, sujeira e mais sujeira, lá tem tudo que ninguém quer mais...
E ela está no meio disso de tudo, sorrindo com dentes amarelados, sorrisos falsos de uma falsa alegria convidativa, fumando cigarros contados, comprados por unidade em algum bar fétido do caminho e com suas roupas baratas de couro de plástico, que lhe exibem as pernas já cansadas e com decotes que denotam os seios já caídos...
Ela com certeza já esteve em lugares melhores, já pode usar roupas melhores e fumar cigarros sem se preocupar em quantos ainda tem na bolsa. Com certeza ela já pode se sentar em confortáveis sofás enquanto distribuía seus sorrisos aos “clientes”, ela já deve ter tido seu momento de glória tendo seu nome chamado para dançar a “pole dance” enquanto todos os homens aplaudiam e babavam por ela...
Ao invés de cigarros de maconha divididos com várias como ela, e garrafas de pinga baratas, ela usava cocaína, cheirava no banheiro pra poder encarar sem medo àquele cliente mais porco que tinha mais grana... 

...

Mas tudo isso é passado, e ela retorna pra realidade quando mais um carro passa e buzina e ela não é uma das chamadas... Quase todos procuram travestis, e esse prazer ela nunca pensou que acharia ruim não poder dar...
Ela vê os senhores casados, que ficaram até tarde a trabalhar, eles saem dos bares, cambaleantes, e ela sabe que eles cruzaram a rua para não passar perto dela, nem mesmo seus galanteios eles querem ouvir... Ela se sente uma coisa, um poste, uma parede, onde todos passam os olhos, mas ninguém vê...
De longe vê a porta do Hotel Marrakéxi, e vê outra amiga entrando com “cliente”, e ela tem inveja, ela que sempre sentiu nojo de “clientes” de rua, agora sente inveja da amiga que vai ganhar no mínimo 30 conto, pois se fosse só oral, que é 10 conto, não precisava subir pra um quarto...
Às vezes ela tem vontade de mandar tudo à merda, mandar à merda o cafetão que diz a proteger e bate nela quase todos os dias por não arrumar clientes, mandar à merda a dona daquela pensão suja, que foi assim como ela é e agora a olha como se fosse santa, tem vontade de mandar à merda o que lhe resta de dignidade e sair nua pela rua, não correndo e chorando, mas calma, se exibindo a todos os passantes...
Mas ela num faz nada disso, na real o que ela deseja ardentemente é um abraço, e pode ser de um maldito “cliente” sujo mesmo, que vai querer desconto na hora de pagar e dizer depois que ela num era tão gostosa quanto ele pensava...
Mesmo assim ela quer um homem, e suplica com o olhar pelo menos um sorriso daquele jovem que passa a pé com a mochila nas costas, e ele sorri de volta, faz um gesto pra ela como que perguntando se ela não está com frio... Ela não resisti, diz que tem muito fogo pra esquentar os dois... Ele sorri mais uma vez, bate a mão no relógio indicando que está sem tempo, e vai embora pegar o ônibus...
Ela não... Ela fica, são ainda 23hs e a noite de quinta-feira é uma criança pra ela, criança que ela carrega pela mão, arrasta pelos becos mais escuros e sujos de qualquer cidade, ela imagina essa criança e lembra os 4 abortos que já fez... Uma lágrima ameaça correr de seu olho, e ela sorri percebendo que ainda tem lágrimas e pena de si mesma pra chorar...
Mas tudo pára, um carro chega, negocia, ela entra... Tudo que ela quer é um abraço, mesmo que não sincero, e poder dormir em paz, pois amanhã vai ter grana pro cafetão...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deu Merda!

Tinha acabado de almoçar, estava, como sempre depois do almoço, fingindo que trabalhava enquanto o corpo voltava ao ritmo normal, e, como de praxe, comecei a sentir vontade de ir ao banheiro... o numero 2 chamava.

Levantei sorridente, avisei pro cara que trabalha ao meu lado que ia demorar um pouco, peguei o celular, pra poder jogar o jogo da cobrinha, e me encaminhei ao lugar que seria minha morada pelos próximos 30 minutos. Tempo exato para que eu pudesse chegar, disposto e pimpão, na reunião de logo mais com os investidores.

O banheiro estava vazio, o que, pelo horário, nem era tão comum assim. Pensei: “melhor assim!”. Sem ninguém pra puxar papo ou me deixar envergonhado por algum som estranho.

Escolhi o box de sempre, o que estou acostumado. Entrei, fechei a porta lentamente, quando virei-me para o vazo ele estava com a tampa abaixada, isso, como todos devem saber, é sinal de mal-agouro, pois sabemos que, em banheiro masculino, tampa fechada é sinal que alguém não deu a descarga.

Eu, curioso e idiota, resolvi abrir a tampa antes de dar a descarga, afinal poderia não ser nada... ledo engano! Era qualquer coisa, menos nada! Grande, ameaçador... com certeza o cara que o “pariu” deve ter lhe dado um nome! Se estivéssemos num hospital o “presente na privada” teria uma pulseirinha com seu nome.
Pois bem, depois de me enojar com aquilo, lembrando que tinha acabado de comer, apertei a descarga... fim né?

Não! A descarga não funcionou, ai percebi que na verdade o rapaz que fez “aquilo” não era mal-educado, simplesmente a privada estava quebrada. Resolvi, insistente e idiota como sou, tentar novamente... ai ela fez um barulho estranho e a água começou a descer... fim?

Não novamente! Não sei se pelo tamanho ou pelo tempo que “aquilo” estava ali, mas a verdade é que ele não descia, porém a força da água era muita, e ia soltando pequenos pedaços dele... para parar de ter essa visão dantesca, eu fechei de volta a tampa e deixa a água seguir seu curso...

Depois de alguns instantes, meio sem saber se começava a jogar no celular ou não, me toquei que a água ainda não tinha parado e tomei a que seria a pior da decisão da minha vida: reabri a tampa!
A água, agora amarronzada, estava quase transbordando a privada e não parava de descer mais água, meu sapato ficar molhado era questão de tempo, e de pouco tempo!

Tomei então uma decisão covarde, mas certa: fugir! Guardei o celular no bolso (admito: já estava jogando) me virei pra porta, já com um leve sorriso pois escaparia incólume... mas meu plano foi frustrado!
A porta (maldita seja) não abria, entrei em desespero, imaginei o banheiro todo tomado daquela água fétida e eu me afogando!
Tentei novamente virar aquela alavanquinha (era daquelas que do lado de fora fica a inscrição “OCUPADO” quando está fechada), e tentei de novo, e de novo, até que ela saiu na minha mão! A porta estava, irremediavelmente, fechada!

Tentei manter a calma, enquanto afastava as pernas praquela água não sujar meu sapato (logo na estréia dele!)... agora o banheiro vazio era uma desvantagem. O que deveria fazer? Gritar por ajuda? Tentar subir e pular a porta? E depois? Sair pelo escritório como se nada tivesse acontecido?

Eis que toca o celular: “Alô?” respondi. Do outro lado, Irineu, do almoxarifado: “Cara, tô aqui no estacionamento e o pneu do seu carro tá furado!”. Eu: “Porra Irineu! Agora num tenho como me preocupar com isso não cara, tô preso no banheiro pô! Aliás, tem como me ajudar aqui?” Outra péssima decisão... do outro lado, segundos de silencio foram cortados pela voz, já risonha, do Irineu: “É pra já!” tu tu tu...

Pensei: Estou salvo! Depois pensei: Que merda! Afinal Irineu não viria sozinho! Além de todas as câmeras e celulares com câmeras ele viria, sei lá, com o Globocope ou o Águia da Record! Já estava imaginando o Datena pedindo: “Capitão Amilton, me dá imagem!”

Mantive, novamente, a calma. O que não estava calma era a água que ainda descia, torrencialmente, da privada, a total inundação era certa! Baixei a tampa e, com cuidado, subi na privada, ficando com a cabeça pra cima das paredes do box.

Silêncio! Apenas o som da água misturada com “aquilo” se ouvia, e aquilo me assustava. Afinal, onde está Irineu e o resto do escritório?

Eis que o silêncio é cortado! Risadas, ainda meio presas, são ouvidas, partem do corredor que leva ao banheiro... “Cara, já terminou? Podemos entrar?” era o Irineu... mal terminou a frase e eu ouvi o que parecia ser a risada de todo um teatro! Ele, obviamente, não esperou eu responder, entrou...

Ficou ainda mais enojado que eu! Ele e outros 2 pediram pra eu me afastar, que iam forçar a porta...(além deles tinham mais uns 8 caras e 2 mulheres no banheiro... e eu ainda nem tinha cagado!)
Cansado de ficar no banheiro e humilhado, fiquei esperando... um deles meteu o pé na porta, ela cedeu! Porém, ao bater com o pé na porta ele escorregou e caiu de costas naquela água... eu fiz menção de rir, e teria gargalhado senão tivesse acontecido outro acidente: A tampa da privada cedeu também! Consegui salvar o pé esquerdo, mas o direito...

Sai do box, Irineu estava sentado na pia... ria tanto que parecia que ia ter uma sincope ali mesmo! Lembrei da reunião! “Os investidores!!” Exclamei!

Corri, esbaforido, até a sala de reunião... meu chefe me esperava na porta, ele que tantas vezes ficou puto comigo por conta de atraso me interpelou: “O que aconteceu?” e, como já havia dito muitas vezes pra ele, disse: “Deu merda!” Nunca fui tão verdadeiro ao dar uma desculpa por chegar atrasado... e, diante do cheiro do meu sapato, ele também nunca teve tantos motivos pra acreditar em mim...

Ah e o Irineu? Montou um canal no youtube! O video do cara caindo no chão e eu saindo correndo com a calça até a canela molhada é o mais visto!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sobre nós e vocês...

Esse negócio de ser homem, em pleno século XXI, está fora de moda...

Hoje em dia podemos nos dividir, seres humanos do sexo masculino, em alguns grupos, vou listá-los dos maiores aos menores: Gays, bi-sexuais, emos, metrossexuais, frescos de várias matizes e heterossexuais. Obviamente que tem ainda mais divisões, mas dá pra se ter um panorama.

Estamos, nós os heteros (e eu faço parte desse grupo, ok?) os poucos que somos indo contra a maré. Homens machões, que arrumam as coisas da casa, como meu pai era e eu estou tentando ser, são cada dia mais raros, e sei não senão é melhor, assim vocês mulheres, que tanto lutaram para nos tirar tudo nesse século passado, vão ver que não era tão mal assim ter alguém por perto que, se por um lado não ouve muito, por outro age bem mais!

Eu acho que nessa troca que vocês estão fazendo estão se dando muito mal... Continuam com os mesmos problemas de antes, e arrumaram um monte de problemas novos, e ainda por cima tem de se manter mais belas e desejadas do que nunca na história da humanidade, e fora isso, hoje em dia ainda tem muitos homens que estão agindo como mulheres de alguns anos atrás, só estão ficando com mulheres que tem carro, grana e afins...

Ao invés de melhorarem suas condições de vida, vocês deterioraram, e ainda nos estragaram, pois agora, muitos de nós não sabem lidar nem um pouco com as novas mulheres. Tem cara que num sabe se liga no dia seguinte, se paga a conta, se abre a porta... Muitas coisas podem ser tomadas como ofensa, é complicado sabe!
E por isso, quem sabe, o numero de homens que gostam de mulheres diminui tanto, muitos estão assustados, correndo de mulheres, quanto mais modernas mais assustam, quanto mais independentes mais pra longe eles correm!

E no fim, nossos hormônios, e o de vocês, estragam tudo... Afinal a super mulher do século XXI, tão independente, tão cheia de si, e, claro, tão sozinha, ainda tem os mesmo hormônios da mulher do século XX, e por isso quer a mesma coisa, ser colocada no colo e que um cara lhe diga o que fazer...

E os nossos, tão confusos, ainda querem que a gente continue tentando ficar com o maior numero de mulheres possível, o que, diante do quadro de medo de muitos de nossos congêneres, nem é tão difícil como era...
Mas ai vem à consciência e, que droga, um homem galinha, com orkut, twitter, facebook e tudo mais, nunca será um homem que passará despercebido.
E enfim, um monte de gente procurando um monte de gente, esbarrando num monte de gente, e não vendo "gente" nenhuma...

Podem até argumentar que não sabemos lidar porque não tentamos, ou porque agora somos inaptos, mas a verdade é que: homens nunca souberam lidar com as mulheres!
Mesmo antes, quando vocês eram mais "dóceis" e nos mandávamos e desmandávamos no mundo ao nosso bel prazer, não sabíamos lidar com vocês, afinal as mulheres não eram plenamente felizes e buscavam sua felicidade em compras, filhos, receitas de bolos, igreja e etc...

Não consigo nem imaginar como meu avô chegou à conclusão, lá pela metade do século XX, que as mulheres não precisam ser entendidas, nos precisamos na verdade é fazê-las felizes... Porque na sua maioria os caras apenas as usavam...

Quando lá pela década de 60 e 70, quando finalmente os homens passaram a entender melhor essa mulher, vocês vieram às ruas e queimaram sutiãs e pediram, pediram não, lutaram por igualdade!

Então vieram os anos 80 e 90, nos não podíamos ter mais barriga, as mulheres passaram a "gostar" de ver homens na TV, e ficamos assustados porque vocês também passaram a ser, não todas é claro, promiscuas... Isso foi uma diferença muito grande, ainda mais pra seres tão "imutáveis" quanto nós homens!

As mulheres evoluíram muito mais que os homens, fato! E nos ficamos atrás, ainda tentando viver no mesmo mundo que vivíamos antes, com as mesmas práticas e tudo mais...

Agora, século XXI, estamos começando a nos acostumar, mas somos cada vez mais um grupo reduzido, e como tal, supervalorizado... Tem uma musica do The Strokes que diz assim: "Um homem não mostra o que tem / E a mulher pensa que isso é muito" e é bem assim, qualquer babaca vira o homem certo, e nos, além de um grupo reduzido, sofremos, muitas vezes, generalizações graças a esses indivíduos...

Mas eu não reclamo, gosto da liberdade que as mulheres tem agora, gosto de ser tratado e de tratar com iguais.

Costumo dizer que não sou nem um pouco machista, talvez seja um pouco machão, com minha vontade de impor minha vontade, mas talvez isso seja mais um ponto ao meu favor do que contra, pois não são muitos os caras que podem dizer isso que disse...
Acredito que nem tanto ao céu e nem tanto ao mar... O equilíbrio deve marcar as relações, afinal, como disse no parágrafo acima, tratamos agora com iguais, e vai ser sempre assim...

Mas, e sempre tem um mas, os hormônios tem muito mais força sobre as mulheres, e por isso vocês continuaram sendo um alvo fácil.

sábado, 18 de setembro de 2010

Vai dar Tudo Errado!

Era um jovem casal na praça de alimentação, fazendo, obviamente, o que jovens casais fazem... Beijinhos, risinhos e outras coisinhas que irritam quem não faz parte de jovens casais!

Eu já tinha comido, e fiquei observando os dois... Andaram de lanchonete em lanchonete procurando alguma que tivesse algo que os dois gostassem, ainda não aprenderam que podem comer em lugares diferentes...

Ele talvez tivesse 14 anos, e ela, parecia ter 15... Mas talvez tivesse 14 também, as meninas crescem mais rápidas em tudo.

Olhei sorrindo pra eles alguns momentos, já vi tantos jovens casais que logo meu interesse passou... Mas foi quando eu não os olhei mais e os vi indo embora, com milk's shakes na mão, que me deu, de súbito, uma vontade de correr até eles, de alertá-los!

Não havia ali, óbvio, perigo eminente, mas me ocorreu que aos 14 ou 15 anos tem um monte de coisas que não sabemos, achei que fosse hora de informá-los que, bom, eles se cansariam um do outro...
Deveria dizer pra ela que ele ficaria curioso em saber como são as outras meninas, que ele vai querer sair com os amigos, que não vai ser sempre tão amável e prestativo quanto é agora, que ele vai brigar com ela por bobagem, que vai, até, quem sabe?, trair ela...

Pensei em correr pra avisar praquele garoto que ela vai ter dias de cão, em que até o jeito que ele disser “oi amor” vai ser motivo de brigas! Que ela vai crescer e se tornar, sempre e sempre, mais séria que ele, que vai querer ele mude, que não vai aceitar seus amigos, que vai sempre fazer muito mais perguntas que ele...

Quase me levantei da mesa pra dizer pra eles que, embora agora pareça eterno e maravilhoso, eles ainda teriam outros relacionamentos e provavelmente sentiriam raiva um do outro em breve, quis falar que os sonhos que eles tem, de viagens, morar fora, fazer intercâmbio é quase impossível de ser fazer a dois, e que conforme vamos ficando velhos vamos trocando nossos sonhos por conquistas mais palpáveis, como carro novo, apartamento... E a viagem de Lua de Mel pra Papua Nova Guiné? Trocará por um conjunto “quarto e sala” novo...

Daí levantei, achei que era obrigação minha falar! Eles não deveriam sentir as decepções que senti, não deveriam sofrer como eu sofri, achando que nunca mais seria feliz! Era minha obrigação pô!

Andei na direção deles... e no caminho pensei: Que idiota eu sou!

Não falei com eles, claro! O que poderia falar? Que vai dar tudo errado?