sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deu Merda!

Tinha acabado de almoçar, estava, como sempre depois do almoço, fingindo que trabalhava enquanto o corpo voltava ao ritmo normal, e, como de praxe, comecei a sentir vontade de ir ao banheiro... o numero 2 chamava.

Levantei sorridente, avisei pro cara que trabalha ao meu lado que ia demorar um pouco, peguei o celular, pra poder jogar o jogo da cobrinha, e me encaminhei ao lugar que seria minha morada pelos próximos 30 minutos. Tempo exato para que eu pudesse chegar, disposto e pimpão, na reunião de logo mais com os investidores.

O banheiro estava vazio, o que, pelo horário, nem era tão comum assim. Pensei: “melhor assim!”. Sem ninguém pra puxar papo ou me deixar envergonhado por algum som estranho.

Escolhi o box de sempre, o que estou acostumado. Entrei, fechei a porta lentamente, quando virei-me para o vazo ele estava com a tampa abaixada, isso, como todos devem saber, é sinal de mal-agouro, pois sabemos que, em banheiro masculino, tampa fechada é sinal que alguém não deu a descarga.

Eu, curioso e idiota, resolvi abrir a tampa antes de dar a descarga, afinal poderia não ser nada... ledo engano! Era qualquer coisa, menos nada! Grande, ameaçador... com certeza o cara que o “pariu” deve ter lhe dado um nome! Se estivéssemos num hospital o “presente na privada” teria uma pulseirinha com seu nome.
Pois bem, depois de me enojar com aquilo, lembrando que tinha acabado de comer, apertei a descarga... fim né?

Não! A descarga não funcionou, ai percebi que na verdade o rapaz que fez “aquilo” não era mal-educado, simplesmente a privada estava quebrada. Resolvi, insistente e idiota como sou, tentar novamente... ai ela fez um barulho estranho e a água começou a descer... fim?

Não novamente! Não sei se pelo tamanho ou pelo tempo que “aquilo” estava ali, mas a verdade é que ele não descia, porém a força da água era muita, e ia soltando pequenos pedaços dele... para parar de ter essa visão dantesca, eu fechei de volta a tampa e deixa a água seguir seu curso...

Depois de alguns instantes, meio sem saber se começava a jogar no celular ou não, me toquei que a água ainda não tinha parado e tomei a que seria a pior da decisão da minha vida: reabri a tampa!
A água, agora amarronzada, estava quase transbordando a privada e não parava de descer mais água, meu sapato ficar molhado era questão de tempo, e de pouco tempo!

Tomei então uma decisão covarde, mas certa: fugir! Guardei o celular no bolso (admito: já estava jogando) me virei pra porta, já com um leve sorriso pois escaparia incólume... mas meu plano foi frustrado!
A porta (maldita seja) não abria, entrei em desespero, imaginei o banheiro todo tomado daquela água fétida e eu me afogando!
Tentei novamente virar aquela alavanquinha (era daquelas que do lado de fora fica a inscrição “OCUPADO” quando está fechada), e tentei de novo, e de novo, até que ela saiu na minha mão! A porta estava, irremediavelmente, fechada!

Tentei manter a calma, enquanto afastava as pernas praquela água não sujar meu sapato (logo na estréia dele!)... agora o banheiro vazio era uma desvantagem. O que deveria fazer? Gritar por ajuda? Tentar subir e pular a porta? E depois? Sair pelo escritório como se nada tivesse acontecido?

Eis que toca o celular: “Alô?” respondi. Do outro lado, Irineu, do almoxarifado: “Cara, tô aqui no estacionamento e o pneu do seu carro tá furado!”. Eu: “Porra Irineu! Agora num tenho como me preocupar com isso não cara, tô preso no banheiro pô! Aliás, tem como me ajudar aqui?” Outra péssima decisão... do outro lado, segundos de silencio foram cortados pela voz, já risonha, do Irineu: “É pra já!” tu tu tu...

Pensei: Estou salvo! Depois pensei: Que merda! Afinal Irineu não viria sozinho! Além de todas as câmeras e celulares com câmeras ele viria, sei lá, com o Globocope ou o Águia da Record! Já estava imaginando o Datena pedindo: “Capitão Amilton, me dá imagem!”

Mantive, novamente, a calma. O que não estava calma era a água que ainda descia, torrencialmente, da privada, a total inundação era certa! Baixei a tampa e, com cuidado, subi na privada, ficando com a cabeça pra cima das paredes do box.

Silêncio! Apenas o som da água misturada com “aquilo” se ouvia, e aquilo me assustava. Afinal, onde está Irineu e o resto do escritório?

Eis que o silêncio é cortado! Risadas, ainda meio presas, são ouvidas, partem do corredor que leva ao banheiro... “Cara, já terminou? Podemos entrar?” era o Irineu... mal terminou a frase e eu ouvi o que parecia ser a risada de todo um teatro! Ele, obviamente, não esperou eu responder, entrou...

Ficou ainda mais enojado que eu! Ele e outros 2 pediram pra eu me afastar, que iam forçar a porta...(além deles tinham mais uns 8 caras e 2 mulheres no banheiro... e eu ainda nem tinha cagado!)
Cansado de ficar no banheiro e humilhado, fiquei esperando... um deles meteu o pé na porta, ela cedeu! Porém, ao bater com o pé na porta ele escorregou e caiu de costas naquela água... eu fiz menção de rir, e teria gargalhado senão tivesse acontecido outro acidente: A tampa da privada cedeu também! Consegui salvar o pé esquerdo, mas o direito...

Sai do box, Irineu estava sentado na pia... ria tanto que parecia que ia ter uma sincope ali mesmo! Lembrei da reunião! “Os investidores!!” Exclamei!

Corri, esbaforido, até a sala de reunião... meu chefe me esperava na porta, ele que tantas vezes ficou puto comigo por conta de atraso me interpelou: “O que aconteceu?” e, como já havia dito muitas vezes pra ele, disse: “Deu merda!” Nunca fui tão verdadeiro ao dar uma desculpa por chegar atrasado... e, diante do cheiro do meu sapato, ele também nunca teve tantos motivos pra acreditar em mim...

Ah e o Irineu? Montou um canal no youtube! O video do cara caindo no chão e eu saindo correndo com a calça até a canela molhada é o mais visto!

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